segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Margarida Rebelo Pinto lança livro «A Desordem Natural das Coisas».



                                                                 Devemos voltar a estar com quem já amamos
                                                                 ou lutar por um Novo Amor?  

       A conhecida Escritora acabou de editar mais um Livro desta com o Titulo «A Desordem Natural das Coisas», em que o principal Tema abordado são as mais diferentes Relações Humanas. Numa Entrevista á Revista Social Nova Gente, a Editora confessou o seguinte: «Não é fácil nem difícil… As pessoas estão, ou não, predispostas a construir uma relação».   
         
      Lurdes de Matos: A Desordem Natural das Coisas é o titulo do seu mais recente livro. Aplica-se       a tudo na vida?
         Margarida Rebelo Pinto: Aplica-se muito mais do que eu acreditava há uns anos. A vida foi-me ensinando que quase não existem processos lineares e que a sorte ou a falta dela podem mudar tudo, inclusivamente aquilo que anteriormente tínhamos como garantido. Mas esse também é um dos grandes encantos da existência, a imprevisibilidade.

         Lurdes de Matos: Como surgiu este titulo?
         Margarida Rebelo Pinto:
Como surgem todos os outros. De repente, a frase saiu-me numa reflexão, numa crónica, numa conversa. Neste caso, tinha escrito uma crónica para uma revista com a qual colaboro há alguns anos e ficou-me na cabeça, porque o romance é precisamente sobre isso, sobre como a vida se vai organizando em movimentos de desordem.
 
          Lurdes de Matos: Mais uma vez, foca as relações humanas. O que tem mudado ao longo dos tempos?
         Margarida Rebelo Pinto:
As relações amorosas estão a atravessar um deserto imenso de afetos porque as pessoas confundem desejo com amor. O que digo parece absurdo, mas é apenas paradoxal. E, infelizmente, é a moeda corrente. Basta olhar para o Tinder (rede social para marcar encontros). O que é que as pessoas andam lá a fazer? Não consigo perceber estes fenómenos das relações iniciadas de forma virtual. Nem consigo perceber porque razão é que as pessoas passam cada vez mais tempo presas a um smartphone e partilham cada vez menos o seu tempo e a sua vida com os outros.

         Lurdes de Matos: Com a azáfama que hoje se vive tudo fica mais difícil. Há sonhos de criança que ficam para trás? A sociedade e a competição obrigam a isso?
         Margarida Rebelo Pinto:
Não concordo com isto. As pessoas nunca sonharam tanto como agora. Graças às redes sociais, elas acreditam que têm um lugar ao sol. O Instagram é um fenómeno muito interessante, é uma rede social em que toda a gente pode ser tudo, ou acredita nisso. Há dez ou 20 anos, a sociedade era competitiva com resultados reais. Hoje, as pessoas vivem obcecadas com likes, é uma ego-trip (viagem do ego) doentia. Claro que existe uma faixa que paga as contas com os likes, mas… e o resto? É preciso produzir conteúdos de qualidade, usar o virtual para voltar a incutir curiosidade no ser humano para aprender filosofia, história, literatura, arte, comportamento, é preciso acrescentar valor ou a sociedade estará condenada a um processo autofágico irreversível.

            Lurdes de Matos: Sente que as mulheres são mais «sacrificadas» neste campo e que têm de optar entre ser boa mãe, boa esposa ou ter uma carreira profissional bem-sucedida?
           Margarida Rebelo Pinto:
As mulheres nunca podem baixar os braços porque assumem vários papéis em simultâneo e isso deixa-as esgotadas. É o trabalho não valorizado e não remunerado, que parece fazer parte integrante da nossa condição há milhares de anos. Esse fardo é a face negra do eterno feminino. Quando as mulheres viviam fechadas no burgo, porque era perigoso saírem, os homens iam e vinham e elas tinham de sobreviver sozinhas durante as ausências prolongadas deles. Acredito que a união feminina e a entreajuda são fundamentais para uma sociedade mais justa e mais feliz. Ninguém gosta de vencer sozinho. O sucesso só tem sentido se uma pessoa chegar a casa e tiver quem abraçar.           Lurdes de Matos: Há um falso modernismo na dita evolução e aceitação da mulher na sociedade? Ainda somos puritanos?
           Margarida Rebelo Pinto:
Muito. Muito mais do que as pessoas apregoam. O que há para ai são pessoas conservadoras para o que lhes interessa e modernas para o que lhes dá jeito.

            Lurdes de Matos: Concorda que uma mulher inteligente e independente assusta os homens?
            Margarida Rebelo Pinto:
Se os desafiar, claro que sim. Os homens têm medo das mulheres em geral. Não há nada de errado nisso, pois desde crianças que se habituaram a obedecer á mãe. O problema é quando têm medo, mas não têm respeito. A falta de respeito é que me faz confusão.

             Lurdes de Matos: Pode ser essa uma das razões porque existem mulheres «magníficas» mas sozinhas?
             Margarida Rebelo Pinto:
Estão sozinhas por escolha própria. Entre estar com um tipo que engana, ou trai ou é ausente, entre viver uma relação mais ou menos ou estar só, as mulheres fortes preferem estar por sua conta e risco do que em relações doentias. Como eu costumo dizer, ou o pleno ou nada. Sou ambiciosa no amor... nunca vou deixar de ser.

             Lurdes de Matos:Para si, o que é necessário para haver um amor feliz e equilibrado?
             Margarida Rebelo Pinto:
Respeito, carinho e empatia. Pensar no outro, no que é melhor para ele. Amar é querer o melhor para o outro, é lutar por um bem maior. Mas têm de ser os dois a agir nessa linha. Os homens são muito egoístas, nem sequer conseguem perceber o que é preciso fazer, mesmo que lhes seja explicado mil vezes. Amar é uma prática e quem não vai aos treinos perde a capacidade de amar.              

               Lurdes de Matos: Acha que existem finais felizes para ambos os sexos ou há sempre algum desequilíbrio?
              Margarida Rebelo Pinto:
Conheço vários casais felizes. Têm tempo um para o outro, gostam de fazer coisas juntos, riem-se um do outro e um com o outro e alimentam a relação diariamente. Como eu digo, é uma prática. É ir á farmácia comprar remédios, é deixar a mesa posta se o outro chega tarde, é escrever uma mensagem no guardanapo de papel do pequeno-almoço… O Amor é feito de pequenos grandes gestos, mas é preciso saber fazê-los. E é preciso querer investir no amor.

            Lurdes de Matos: Grande parte dos seus livros falam de amor, paixão, namoros... É uma romântica?
            Margarida Rebelo Pinto:
Sempre. As relações amorosas e familiares são a minha matéria-prima. Nunca me canso desses temas, são os meus temas de vida no meu trabalho.

            Lurdes de Matos: Sente que, com a idade, as pessoas- em especial, as mulheres- ficam mais exigentes?
            Margarida Rebelo Pinto:
É bom que assim seja.

          Lurdes de Matos: Acontece consigo?
          Margarida Rebelo Pinto:
Claro que sim. Hoje, era incapaz de tolerar coisas que tolerei aos 30 e mesmo aos 40 anos. Sou mais exigente comigo também.

           Lurdes de Matos: É fácil conseguir amar?
           Margarida Rebelo Pinto:
Não é fácil nem difícil. As pessoas estão, ou não predispostas a construir uma relação. Mas se não estiverem em paz consigo mesmas não vão conseguir, por mais que queiram.

           Lurdes de Matos: Para si, neste momento, o que significa a palavra amar?
           Margarida Rebelo Pinto:
É uma prática, como disse. O amor não existe, o que existe são provas de amor. Quem não as dá é porque não as tem. Se não as tem, então, não deve fingir que as tem.

          Lurdes de Matos: Qual é o segredo para se manter jovem e, acima de tudo, sempre com vontade de produzir, de escrever mais?
          Margarida Rebelo Pinto:
Sempre fui movida pela paixão pelo meu trabalho. É o meu remo, a minha vela, o meu farol, a minha bússola. A paixão pela escrita moldou toda a minha vida. Nem consigo imaginar quem teria sido se não fosse escritora. A escrita é a minha respiração.

          Lurdes de Matos: Já tem ideia para um novo romance?
          Margarida Rebelo Pinto:
Claro! Tenho sempre mais ideias, mas janeiro e fevereiro são meses de pousio, porque preciso de desligar até voltar às seis a oito horas por dia para criar mais uma história.

            Lurdes de Matos: Quando termina um lívro, o que sente?Alívio, descanso ou a sensação de dever cumprido?
            Margarida Rebelo Pinto:
Dever cumprido. Cheguei á meta, alcancei o meu objetivo. Nunca precisei de ninguém para cumprir aquilo a que me proponho, é um acordo que tenho comigo mesma. Eu não me posso falhar porque esta é a minha missão neste mundo: Sou escritora. Se não escrever, vou fazer o quê?

             Lurdes de Matos: Vive a vida com muita intensidade?
             Margarida Rebelo Pinto:
Sim, sempre vivi. Não sei ser de outra forma, por isso as relações afetivas são tão fortes. Mas vivo, sobretudo, com muita profundidade.

             Lurdes de Matos: Para quem nunca pode faltar um presente?
             Margarida Rebelo Pinto:
Para a minha mãe, que é um dos grandes pilares da minha vida, e para o meu filho, que é a minha estrelinha azul.

             Lurdes de Matos: Planos para o ano de 2020? Um novo amor, uma paixão, um livro, uma viagem? Ou tudo em conjunto?
             Margarida Rebelo Pinto:
A viagem já a fiz no inicio do ano, ao México, no lado do Pacífico, longe das praias da moda. Um novo romance virá, assim a minha tenacidade o queira. E o coração está bem entregue. 

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